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Ser mulher Tentante

Junho é o Mês Mundial de Conscientização sobre Infertilidade. Assunto pouco falado, mas que precisa ser abordado e alertado. Infelizmente, a realidade é que com o passar dos anos a fertilidade feminina e masculina vem caindo e estudos apontam que em 2045 teremos a infertilidade como uma pandemia.

Em homenagem a esse mês, deixo aqui um texto que escrevi no sábado que antecedia o dia das mães de 2019, quando eu ainda apenas sonhava com uma gestação tranquila e um filho no colo. Para quem busca por uma gestação há muito tempo, o dia das mães pode ser uma data gatilho para tristeza e questionamentos divinos.

O texto ‘Ser Mulher Tentante’ foi um desabafo e um grito de dor. O mês a mês na busca pela gestação pode ser cansativo e solitário. Se você conhece algum casal que enfrenta obstáculos na fertilidade, tenha empatia pela história deles!

‘Ser Mulher Tentante’

Ser mulher tentante é estar constantemente procurando se equilibrar em uma linha tênue. Você passa todos os dias assim: tentando equilibrar seus pensamentos e sentimentos, controlar aquilo que é incontrolável.

A gente vive entre estar feliz com a gravidez da amiga, e a tristeza de não ser a gente. Nos sentimos culpadas pela preocupação despertada nos outros em tornar doloroso a nós uma notícia tão feliz para eles.

Passamos a entender sobre tudo que envolve gravidez. As alterações hormonais, os sintomas corporais, os tratamentos disponíveis. Passamos a ler todos os sinais do nosso corpo. Não há um muco, um edema, um espirro que a gente não observe! A gente anota cada dor de cabeça, cada mal estar, a sensibilidade no seio e se o sono alterou. É a linha tênue entre conhecer o próprio corpo versus procurar sintomas da sonhada gestação. A gente ja tem o plano perfeito para contar ao marido que vai ser papai, aos avós, aos amigos… a gente se vê gritando ao mundo entre lágrimas que finalmente deu certo, eu estou grávida!!! – Mas a menstruação vem, a tristeza com ela. Precisamos lidar com a decepção, a frustração e o sentimento de impotência.

“Difícil não é ganhar a maratona. Difícil é treinar” – uma frase que escutei hoje. Difícil é depois de mais um negativo erguer a cabeça e seguir em frente. Sair para trabalhar, recomeçar o ciclo, o tratamento, ter fé que no próximo mês vai dar. E você não tem nem ideia de quantos meses isso se repetirá.

A gente vive na linha tênue da fé e do desespero. Você, que confia no tempo divino e que Ele, só Ele sabe a melhor hora, se vê em desespero questionando “por que Deus?”.

Escutamos frequentemente “relaxa, tira isso da cabeça que você engravida!” E aí nos sentimos culpadas por não sabermos esperar, lutando TODOS os dias contra o desejo do resultado positivo, após mais um mês de consultas médicas semanais, data pré determinada para transar e para o beta HCG.

Estamos na linha tênue do sonho e do pesadelo. A vida para mesmo que procuremos focar no trabalho ou na viagem que está por vir. E o que era pra ser mágico passa a ser um desafio da vida.

Mas não, você não nos verá chorando, dificilmente falando sobre nossas angústias. A gente chora sozinha, escondida. Porque precisamos nos manter em pé, precisamos nos manter em FÉ! Mas se você sabe de cada lágrima de uma tentante, eu te agradeço em nome de todas nós. Você é o chão que nos falta, o ombro que nos acalma. É um anjo, é o nosso anjo! Você é o nosso bastão, aquele que seguramos nas mãos enquanto estamos sobre a corda bamba dos nossos próprios sentimentos.

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Sobre Kelly Fischer

Meu nome é Kelly Fischer e sou especialista em fertilidade e saúde feminina.

A maternidade e minhas vivências me fizeram descobrir que eu amo trabalhar com fertilidade e ver muitas famílias ganharem novos integrantes, realizando um sonho.

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